Na
semana de comemoração do dia do professor no Brasil, no último dia 15 de
outubro, o jornal “Folha de São Paulo” trouxe uma reportagem do jornalista Fábio Takahashi com o seguinte
destaque: “Lecionar é o só a quarta razão para
escolha do curso de licenciatura na Universidade de São Paulo”. De acordo com uma pesquisa de sua própria Faculdade de Educação.
Na verdade, “os salários são a
variável principal se você deseja uma juventude entusiasmada e dedicada para a
profissão,” afirma a diretora da FEUSP, Lisete Arelaro.
Segundo a mestra e autora do estudo da intenção dos licenciados, Luciana França
Leme, há algumas opções para alterar o quadro como “a adoção de
bolsa de estudo para os cursos de formação de professores (que pode fazer o
jovem ficar na área e não seguir outra profissão, tal como faziam antigamente
os Centros Específicos de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério) e oferecer
um ensino forte (que desperte a vontade de ser professor)”.
Em nível internacional, isso tem sido uma
realidade palpável no sistema educacional da Finlândia, país localizado ao
norte da Europa. Ao entrar em qualquer das suas escolas, há uma surpresa pelas
simples instalações. Entretanto, sua ênfase não consiste apenas na tecnologia,
mas em dois pontos básicos. O primeiro envolve um “currículo amplo”, com o ensino de música, arte e pelo menos duas línguas estrangeiras. O
segundo, “a formação do professor”. Por isso, o mestrado tem sido uma exigência até para “os educadores do ensino básico”.
Diante de sua necessidade de qualificar
o professor finlandês, o encargo ficou “exclusivamente” com as universidades, com uma preparação mínima de cinco anos. Por isso,
o magistério tornou-se uma das carreiras de maior prestígio, com uma grande
procura pelos estudantes do ensino médio, com a aprovação de 15% deles. Hoje,
99% das escolas são públicas, além dos alunos receberem todo o material
escolar, alimentação e o transporte gratuitamente.
Em todas as nações que conquistaram seu
crescimento econômico nos últimos quarenta anos, a melhoria no sistema
educacional e a valorização da docência foram à chave para o seu sucesso
econômico, conforme investigação da revista Nova Escola, da Fundação Victor
Civita. No Japão, na Ásia Oriental, a formação jamais termina, pois as políticas
públicas garantem aos profissionais de educação a conquista de novos
conhecimentos até sua aposentadoria. Sing Kong Lee, Diretor Nacional do Instituto de Educação, destaca que “para chegar lá, você
tem que fazer duas coisas. Primeiro atrair as melhores pessoas para a
profissão. Em segundo lugar, uma vez lá dentro, você dar-lhes a melhor
formação."
Em síntese, no Brasil o mesmo processo
precisa ser implantado. A pesquisa realizada com universitários da USP revelou
o interesse de 15% dos estudantes de medicina pelo magistério. Todavia, não o
fizeram por causa dos baixos salários, da falta de prestígio e das condições
escolares. Portanto, cabe às políticas públicas educacionais encontrarem
maneiras de tornar o profissional da docência uma atividade atraente para as
futuras gerações. Caso contrário, nos próximos anos não haverá um número
substancial de professores para suprir o mercado de trabalho brasileiro. Teacherv Joani C. P. – TWITTER:
@teachervjcp