Segundo a psicóloga
Andrea Lorena, pesquisadora de ciúme excessivo do Laboratório Integrado dos
Transtornos do Impulso (PRO-AMITI) do Instituto de Psiquiatria da Universidade
de São Paulo (USP): “O ciúme
normal é transitório e se baseia em ameaças e fatos reais. Ele não limita as
atividades – nem interfere nelas – de quem sente ou é alvo de ciúme e tende a
desaparecer diante das evidências”. (...) “No
ciúme excessivo, o medo de perder a pessoa amada vem acompanhado de emoções
específicas – raiva, medo, tristeza, ansiedade – e pensamentos irracionais.
(...) Quase sempre há prejuízos para quem sente, para quem é alvo e para o
relacionamento”.
Outra participante do
PRO-AMITI, a psicóloga Eglacy Sophia, ressalta: “Pacientes que reconhecem
seus comportamentos como inadequados ou injustificados apresentam mais
sentimentos de culpa e depressão; os demais demonstram raiva e condutas
impulsivas mais pronunciadas”.
Isso recorda uma
lenda de dois empresários com uma rivalidade imensa entre si. Todos os dias,
ambos acompanhavam as atividades profissionais do outro. Se um recebia um ótimo
cliente, ele fazia questão de sorrir para demonstrar vitória ao seu competidor.
Conforme a narrativa, certa noite, em sonho, um anjo apareceu a um deles e
disse: “Eu lhe darei o que
quer que você me peça, mas, aquilo que você receber, seu concorrente receberá
em dobro. Qual é o seu desejo?” O
homem franziu o rosto e de maneira bem carrancuda disse: “Deixe-me cego de um olho.”Esse
é o pior sentimento para as pessoas dominadas por ele.
No Novo Testamento,
na Bíblia, há o registro do seu perigo,como uma emoção autodestrutiva e com
imenso potencial ao ponto de causar a divisão da igreja de Corinto, na antiga
Grécia.Os membros da comunidade o sentiam uns dos outros, dividindo totalmente
o grupo religioso. O apóstolo São Paulo o identificou como um sinal de
imaturidade espiritual – “Porquanto,
havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andai
segundo o homem?” (I
Coríntios 3:3). Eles não tinham um comportamento de pessoas transformadas pelo
evangelho de Jesus Cristo. Afinal, os verdadeiros cristãos têm consciência de
que “o amor é paciente, é
benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece”. (I Coríntios 13:4)
Enfim, em lugar de
sentir ciúmes do próximo, as pessoas deveriam ter a capacidade de
verdadeiramente cultivar um sentimento de alegria com os dons e a vida bem
sucedida do seu semelhante. Por isso, o escritor estadunidense Marvin Williams
oferece cura aos ciumentos na seguinte orientação: “A
gratidão a Deus é o remédio para o ciúme”.
Joani C.P. - Twitter: @teachervjcp - E-mail: teachervjcp@outlook.com