Preocupado com o problema no século passado, o compositor
estadunidense John Cage fez uma apresentação inusitada. Subiu ao palco,
sentou-se a frente do piano, colocou um cronômetro para marcar 4 minutos e 30
segundos e ficou em silêncio. Ao finalizar o tempo, agradeceu à presença do
público como se tivesse feito um show convencional. Na verdade, era uma
tentativa de levar o público a uma reflexão sobre o valor de uma vida
silenciosa.
Em seu livro "In Pursuit of Silence" (Em busca do
Silêncio), o escritor norte-americano George Prochnik afirma: “(...) Precisamos aprender a
nos desplugar dos portais de estimulação visual e acústica dos quais somos
dependentes. (...) Redescobrir o mundo sem MP3, celulares e outros aparelhos
que nos colocam em bolhas sonoras e nos protegem do barulho maior do mundo
exterior. (...) Construir espaços democráticos, onde todas as classes possam
aproveitar a quietude”.
Para o gestor
institucional da MCF Consultoria e Conhecimento, Guilherme
Kosmann, “hoje o silêncio é
considerado uma commodity, uma oportunidade de negócio por alguns. Acho um
exagero, mas não tenho dúvida de que, em termos de bem-estar, é um diferencial
em crescente importância”. Segundo o psiquiatra Dr. Ramesh Manocha, da
Sydney Medical School, na Austrália, ele “(...)
torna-se fonte de paz interior e neutraliza as tensões da vida, aumentando a
criatividade, a produtividade e a autossatisfação”.
Ainda por cima, afeta às relações interpessoais do homem, e o
pior, o seu relacionamento com Deus. Ele não encontra um espaço calmo e
tranqüilo para a sua comunhão. Devido a isso, desenvolve uma doença muito comum
no século XXI, a “falta do
silêncio interior”. De acordo
com os especialistas, o diagnóstico envolve
as aflições emocionais que perturbam a mente a todo instante. Assim, vive
angustiado com uma só questão: Como acalmar as crises interiores?
Na Bíblia, o profeta Elias passou por esse questionamento, mesmo
em época de grandes milagres. Ao orar, Deus concedeu vitórias espetaculares
contra os profetas de Baal e posteriormente, o fim de uma seca terrível (I Reis
18). Depois dessa experiência, surgiu dentro de si o temor e iniciou uma
corrida. Nesse momento, Deus mandou um anjo oferecer alimento a ele, com o
propósito de fortalecê-lo para sua viagem. No final da jornada, depois de 40
dias, estava no monte Horebe. No silêncio daquele lugar, ouviu “o murmúrio de
uma brisa suave”, e então Deus falou com ele (I Reis 19). O silêncio prepara o
homem para ouvir a voz de Deus e curar suas enfermidades emocionais.
Afinal, o
segredo consiste em colocar os temores nas mãos de Deus, conforme exortação do
apóstolo São Paulo: “Não
andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de
Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a
paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa
mente em Cristo Jesus” (Filipenses 4:6-7). Enfim,
concede paz para aqueles que se aquietam diante Dele.
Joani C.
P. – e-mail: teachervjcp@outlook.com – twitter: @teachervjcp