A educação começa no seio familiar, o chamado processo de humanização, com o ensino dos valores éticos e morais. Isso recorda o artigo do economista Claudio de Moura Castro, “O judeu de Bethesda”, quando apresenta a preocupação judaica com seus descendentes, conforme sua narrativa: “Ao fim da tarde, chega o pai judeu, carregando uma sacola de livros recém-comprados. Chama o filho, esparrama os livros na mesa da sala e começa a montar o cronograma de leituras, incluindo a cobrança periódica do que terá sido lido.”
Nos Estados Unidos em 1924, o então garoto chamado João R. Wooden, que amava jogar basquetebol, acabara de finalizar a oitava série em uma pequena escola rural. Seu pai, “rico em amor”, mas não tinha dinheiro para dar um presente de formatura. Todavia, consciente da responsabilidade de dar-lhe uma ótima formação no lar, ofereceu um cartão em que escrevera seus próprios objetivos e diariamente o incentivou a segui-los.
Três deles eram: “Beba profundamente de bons livros (...); Faça de cada dia sua própria obra de arte e (...) dê graças pelas bênçãos todos os dias.” Com a excelente orientação, além do espírito esportivo, foi tricampeão de basquetebol universitário norte-americano e um dos maiores técnicos em toda história da competição. Ao falecer com 99 anos, ganhou uma estátua em homenagem, devido ao seu caráter, sua fé e por influenciar milhares de pessoas. Assim, a escola complementou o currículo ensinado e vivido em sua casa.
Na verdade, a vivência familiar e escolar são pilares para a construção do caráter e da personalidade do homem. Entretanto, as duas instituições sofreram mudanças consideráveis no século XXI. Dessa forma, há necessidades profundas de novos posicionamentos por parte delas, principalmente em tempos de jornadas trabalhistas muito intensas.
Diante desse fato, Içami Tiba (psiquiatra e educador) faz uma análise bem interessante: "O trabalho compromete tantas horas que é preciso mudar o sistema de educação. Ninguém proíbe que os pais trabalhem, mas é preciso que, mesmo assim, cobrem mais dos filhos. Não se leva trabalho para casa? Então é preciso levar os filhos para o trabalho."
Ademais, como escritor com mais de dois milhões de livros vendidos, com uma vasta experiência em palestras e atendimentos para adolescentes e seus familiares, ele ressalta: “os pais precisam rever seus papéis e suas funções, que as mulheres precisam delegar tarefas e responsabilidades aos seus companheiros e que não há compensação material aos filhos que substitua o amor e a atenção dos pais.
Enfim, “educar é como cultivar uma planta”. A pessoa desde a infância precisa ser regada e tratada com muita atenção. Se receber uma orientação qualquer, sem princípios, “corre o sério risco” de ser moralmente inútil. Por isso, a família e a escola precisam desempenhar muito bem seu papel. Em especial, nesse momento em que os indivíduos “absorvem e aprendem” com seus entes queridos, colegas e professores, a fim de alcançar uma educação para a vida.
