Em seu artigo “Galera à deriva”, a
psicóloga Rosely Sayão, no jornal Folha de São Paulo, destacou uma questão
preocupante para a sociedade contemporânea: “Num tempo em que ser jovem é o
desejo de todas as pessoas, de criança a velhos, o papel educativo, que é
responsabilidade dos adultos, entra em declínio principalmente por causa das
atitudes destes últimos”.
Algo inimaginável em séculos passados, a liderança
do lar desejava que seus filhos trabalhassem desde a mais tenra idade. Nas suas
prioridades, o estudo estava em um segundo momento. As crianças deveriam
crescer rapidamente, a fim de buscar uma direção para suas vidas. Por isso, os
pais gerenciavam de forma severa sua educação para (...) “aprenderem um
bom comportamento e assimilarem as regras do mundo adulto”.
Em pleno século XXI, houve uma transformação
radical. Isso recorda a famosa piada americana do menino “tão levado,
mas tão levado” que quando tinha sete anos de idade seus pais fugiram
de casa. Ela reflete o quadro dos lares modernos, os quais são marcados pela
permissividade e falta de respeito à autoridade. A reclamação torna-se cada vez
mais comum: “Cria-se os filhos, oferece tudo e observe como eles nos
tratam...?” Se existisse uma reflexão no verdadeiro sentido de
“educação”, a família solucionaria os problemas.
Alguns afirmam: “Meu filho atingiu a
maioridade, minha missão foi cumprida”. Como se a sobrevivência física
fosse de fato o mais importante na formação de uma pessoa. O pior ainda tem
sido a cobrança: “Você sabe quanto custa sua universidade?” Jamais
ele conseguiria sanar uma dívida de tal tamanho, pois carregará o peso da culpa
para o resto da vida. Além de sentir-se um empecilho para toda a família.
Na verdade, oferecer o alimento, zelar das crianças
para um crescimento com qualidade de vida não consiste em uma dádiva, mas em
uma obrigação, porque foi um compromisso assumido pelo casal ao gerar um novo
ser. O valor dos pais não consiste na criação dos filhos, mas em educá-los. A
etimologia da palavra provém de dois vocábulos latinos, educare e educere,
e significa o "processo de desenvolvimento da capacidade física,
intelectual e moral do ser humano". Conforme o famoso escritor
Oswaldo Paião destaca: ”(...) os pais são as matrizes que imprimirão na
mente e no coração dos filhos um modelo de vida”
Em síntese, a principal lei educacional é o amor em
todas as atividades da vida. Não há necessidade de fazer um mestrado ou
doutorado. Existem pessoas com pouca instrução, as quais são “especialistas” na
“arte de amar e orientar seus filhos”. O ideal seria demonstrar não pelo que
ele faz, mas pelo que é na vida familiar. Como afirma o psiquiatra e educador
Içami Tiba, em seu livro “Quem ama educa”: “O verdadeiro amor tem que
educar a outra pessoa e, para educar, muitas vezes, é preciso ajudar a
organizar a vida, ajudar o filho a fazer o que ele é capaz”. Teacherv Joani C. P. - TWITTER: @teachervjcp