De acordo com as pesquisas da professora e psicanalista francesa Elizabeth Roudinesco, a família pós-moderna ou contemporânea “une ao longo de uma duração relativa dois indivíduos em busca de relações íntimas e realização sexual. A transmissão de autoridade torna-se cada vez mais problemática devido aos divórcios e recomposições. A família foi sendo dessacralizada, mas permanece a instituição humana mais sólida da sociedade.”
Entretanto, “essas transformações refletem uma crise ou uma mudança?” Para uma resposta satisfatória torna-se importante refletir mais a respeito do assunto. Há diversas maneiras de constatar isso, exemplificadas nos programas e comerciais televisivos voltados ao grande público, nas produções bibliográficas de diversas áreas, ou, ainda, no cotidiano escolar com o relato de professores sobre o comportamento de seus estudantes.
Em relação a essa realidade, a psicanalista Maria Rita Kehl ressalta em seus estudos que “as separações e as novas uniões efetuadas ao longo da vida dos adultos foram formando, aos poucos, um novo tipo de família que vou chamar de família tentacular”. De acordo com a pesquisadora ela é (...) menos endogâmica e mais arejada (...) traz em seu desenho irregular as marcas de sonhos frustrados, projetos abandonados e retomados, esperanças de felicidade das quais os filhos, se tiverem sorte, continuam a ser portadores”. Diante desse quadro, os relacionamentos interpessoais entre professor/aluno e escola/família têm conseqüências visíveis.
Por isso, os educadores necessitam conhecer melhor os lares dos alunos, antes de idealizá-los. De fato, eles não se parecem com a "família doriana das propagandas: pai, mãe e filhos, cachorro e uma refeição partilhada de modo afetivo e agradável”. Segundo a análise do psicanalista belga Jean-Pierre Lebrun “o que vale é a capacidade dos pais de fazer os filhos crescerem. Esse é o bom ambiente familiar, independentemente do desenho que a família tenha”. O texto lançado pela UNESCO e MEC também destaca que “(...) quando ocorre um bem conduzido processo de aproximação entre escola e família, as crianças tornam-se mais participativas em salas de aula, animadas com os estudos, e alegres com a escola”. Elas tornam-se pessoas felizes e desenvolvem naturalmente suas competências e habilidades. Enfim, para atingir esse objetivo é fundamental oferecer aos estudantes uma educação compartilhada entre a escola e a família pós-moderna. Teacherv Joani C. Prestes – TWITTER: @teachervjcp