No século I, o autor do DIDACHE (60 a 100 D.C.), também conhecido como “O Ensino dos Doze Apóstolos”, orientava: “Nunca volte às costas aos necessitados, divida todos os seus bens com seus irmãos, nunca reivindique que algo é particularmente seu: se você e seu próximo são co-participantes de coisas imortais, quanto mais de coisas mortais”.
Em contrapartida, no século XXI, a “onda consumista” levou o homem a comprar produtos e serviços sem necessidade e consciência. Dessa forma, surgiu a chamada “Sociedade de Consumo”, a qual não pensa nas carências do seu próximo. Há exemplos estarrecedores como nos Estados Unidos, o valor das compras feitas por crianças e adolescentes atinge 30 bilhões de dólares e no Brasil, ao falecer, Roberto Marinho, dono da TV Globo, deixou em seu guarda-roupa 3700 gravatas. Sem deixar de mencionar que no noroeste da Alemanha, os alemães, holandeses e belgas podem chegar ao Shopping Center de Oberhause, um paraíso de consumo no tamanho de 200 campos de futebol, enquanto isso 70 milhões de africanos não sabem de onde virá a sua próxima refeição. Nunca houve tanta riqueza e tanta pobreza como nos dias atuais.
Diante disso, o rabino Henry Sobel afirmou que “A obsessão do ser humano contemporâneo por posses materiais nada mais é do que um sintoma exterior de uma profunda fome interior, uma fome que não provém do estômago e sim do espírito”. Na verdade, é a instalação de um ‘buraco negro’ na alma. “Tudo que cai nele desaparece e não há nada que sacie o desejo de engolir o mundo material, especialmente as ofertas de mercado”, conforme destacou o escritor Caio Fábio D’Araujo. Na verdade, o Consumismo, não o necessário e moderado, destrói por completo a sensibilidade social e rouba a atenção, o futuro e os recursos que deveriam ser aplicados no sofrimento alheio.
Por isso, os cristãos jamais deveriam ser dominados pela “Sociedade de Consumo”, à luz do ensino e comportamento de Jesus, conforme destaca Atos dos Apóstolos 20:35 (NVI): “Há maior felicidade em oferecer do que receber”. Cristo deixou bem claro que a vontade de gastar não sacia a sede interior, não enche o enorme vazio existencial e nem torna ninguém mais seguro e feliz. Ele investia muito tempo com o sofrimento alheio, porque sempre observava a necessidade do outro em qualquer situação. Os evangelhos O apresentam atento ao sentimento de culpa daquela mulher pecadora que aliviou, ao perdoar os seus pecados (S. Lucas 07:36-50); a tristeza da mulher que perdeu o marido e depois o único filho, o qual ressuscitou (S. Lucas 07:13); ao vazio interior da Samaritana que havia vivido com 5 maridos e estava no sexto (S. João 04:13). Jesus Cristo saciou sua sede interior consumista quando ofereceu uma água eterna ao afirmar: “Aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna”. (S. João 04:14). Teacherv Joani C. P. - Twitter - teachervjcp