Na antiga Grécia, a palavra Educação era “Paidéia” (de “paidos” – criança), com o significado original de “criar meninos”. A princípio, um ideal para todos, mas com o desenvolvimento social transformou-se em algo específico, uma aos nobres e outra para os plebeus. Paralelo a isso, apareceu o “pedagogo”, um escravo familiar, com a responsabilidade de levar às crianças para a escola e pelo zelo de sua formação – “O INDIVÍDUO ERA EDUCADO PARA A SOCIEDADE COMO UM TODO”.
Benjamin Franklin, um dos líderes da revolução norte-americana, ao fazer referência a um episódio marcante da história de seu país, não cansava de retratar este ideal. Tudo aconteceu quando os “estadunidenses brancos” assinaram um acordo pacificador com os índios da conhecida Seis Nações, em Virgínia e Maryland (USA). Sugeriram receber seus jovens para educá-los, mas através de uma carta, eles resusaram à oferta. A sua mensagem destacava: “Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formandos nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltaram para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros. Ficamos “extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la”. (...) “Para mostrar a nossa gratidão, oferecemos aos nobres senhores que nos enviem alguns dos seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos deles, homens". Os indígenas tinham consciência da importância de educar o ser humano como um todo, a fim de usar suas competências e habilidades em benefício do universo social.
Isso tem motivado há milênios a tradição judaica, uma questão de sobrevivência como nação. Hoje, nas livrarias, tanto na Europa como nos Estados Unidos, é normal observá-los a comprar livros para seus filhos e produzir um roteiro de leitura a ser cobrado. Na verdade, receberam uma excelente educação de seus antepassados e querem transmiti-la aos seus descendentes. Eles estão conscientes de que as pessoas devem receber uma ótima formação para contribuir com o progresso social. Enquanto isso, no Brasil, uma pesquisa com as bibliotecas públicas mostrou que fecham às 18 horas, 20 % abrem suas portas aos sábados e 1% aos domingos. Se os judeus brasileiros dependessem delas para educar seus filhos, enfrentariam algumas dificuldades.
Na atual conjuntura internacional, nenhuma nação poderá atingir um grau elevado no século XXI, sem educar como um todo o seu povo. Nas últimas eleições brasileiras, o tema esteve em destaque nas discussões e debates. Principalmente, porque apesar de alguma melhora em matemática e ciências nas avaliações do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), os estudantes ainda estão classificados entre os piores do mundo. Há uma exigência de que nas series iniciais do ensino fundamental, as crianças saibam ler e escrever. Se não ocorrer no tempo adequado, todo o sistema de aprendizado sofrerá graves problemas. Isso se observa com o aumento de analfabetos funcionais, em processo de finalizar o ensino médio e ingresso no superior. Sem esquecer que os universitários concluem seus cursos, sem estarem capacitados para o exercício profissional. Além do mais, a situação tem sido dramática no ensino superior, porque existe uma ociosidade de vagas públicas para formar professores. O pesquisador da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), João Cardoso Palma Filho, afirmou em uma das suas últimas entrevistas: "A situação é tão ruim que nem vaga gratuita o pessoal quer”. O ministério da Educação, em suas propagandas oficiais, convida constantemente os jovens para optarem pelo magistério. Os dispostos a aceitar o desafio “são chamados de santos e heróis”.
Diante deste quadro, existe a necessidade de ressaltar que o preparo do indivíduo começa no seio familiar, o chamado processo de humanização, com o ensino dos valores éticos e morais pelos pais. Posteriormente, a formação escolar complementa o currículo trazido do próprio lar. Por isso, os brasileiros precisam mobilizar-se em prol de uma educação de qualidade, com o propósito de “dar um salto” nos próximos anos. Poderiam aprender com a experiência da cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos. O prefeito Michael Bloomberg contratou os educadores mais talentosos e bem preparados para o magistério municipal. Entretanto, duas questões são fundamentais: Quanto do orçamento em nível nacional, estadual e municipal é destinado “verdadeiramente” para a educação? Existe de fato interesse em um povo educado, com consciência de seus direitos e deveres?
Somente com governos dispostos a investir na educação do cidadão, o Brasil preparará profissionais especializados para atender a demanda atual, além de oferecer qualidade de vida a toda sua população. A notícia da Escola Municipal FLOR-DE-LIS, na periferia da cidade de ITAPEVI-SP, com alunos do 5º ano que participaram de um projeto da Câmara Municipal, a fim de solucionar os problemas da sua comunidade, não ocupará mais espaço nos jornais. Elas serão ações normais em todo o país. Os adolescentes e jovens poderão usufruir de um ótimo domínio da matemática e das ciências, com a aquisição do hábito da leitura. Ademais, os alunos do ensino superior terão facilidade no campo da oralidade e da escrita, sem copiar seus trabalhos de conclusão de curso (TCC) da “internet”. Enfim, os brasileiros usarão os cintos de segurança nos carros – “não preocupados com as multas, mas em preservar sua vida e a de seu semelhante”, porque EDUCAÇÃO É... CIDADANIA – O INDIVÍDUO EDUCADO PARA A SOCIEDADE COMO UM TODO”. Teacherv Joani C.P. - Twitter - teachervjcp